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Missão Calumbo – 2017

Missão Calumbo - 2017

Estado: concluído
Início: 14 de junho de 2017
Conclusão: 30 de agosto de 2017
Local: Missão de S. José de Calumbo, Angola
Parceiros: Missionários Passionistas e Direção Municipal de Educação de Viana
Entidade Financiadora: atividade financiada por estratégias de angariação de fundos do VP

O objetivo desta missão foi organizar a Biblioteca “Imbondeiro do Saber” de Calumbo, divulgá-la pela comunidade e abri-la ao público. Com bastante entusiasmo, o projeto procurou, a pouco a pouco, incentivar, na comunidade de Calumbo, o gosto pela leitura, o conhecimento do mundo que nos rodeia e criar ou reforçar hábitos de pesquisa e trabalho, ao mesmo tempo que se promoveu a capacitação de voluntários locais.

TESTEMUNHO

Começo por me apresentar: o meu nome é Inês Poças Ferreira, tenho 21 anos, sou estudante universitária e fui em missão (pelo Voluntariado Passionista), no verão de 2017, para a Comunidade Passionista de Calumbo (Angola). Antes do testemunho, gostaria de afirmar que tudo aquilo que senti e vivi em missão é absolutamente inexplicável e indescritível, pelo que as palavras nunca chegarão.

O propósito da missão em que participei era organizar a biblioteca de Calumbo e abri-la ao público. Quando nos selecionaram para este projeto, eu e a Rita (a voluntária que me acompanhou nesta “aventura”) aceitamos, com bastante entusiasmo, fazer parte deste projeto que procurava, a pouco a pouco, incentivar, na comunidade de Calumbo, o gosto pela leitura, o conhecimento do mundo que nos rodeia e criar ou reforçar hábitos de pesquisa e trabalho.

Para ser sincera, nas primeiras duas semanas não foi nada fácil adaptar-me. Encarar e lidar com uma realidade tão diferente da minha e tão distante das minhas expectativas foi desafiante. Mas, passada essa primeira fase de adaptação, comecei a sentir-me em casa. Já estava mais à vontade com as crianças, o nosso projeto na biblioteca estava bem encaminhado e organizado e a nossa integração na comunidade passionista não podia ser melhor.

A primeira coisa que me agradou na cultura angolana, é que em kimbundo (uma das línguas maternas em Angola), um bom dia – wazekele kiambote – não é só bom dia, é mais do que isso, é um “bom dia, como estás? Fica bem”. O centro da vida são as pessoas, o amor… é cultural, não interessa o tempo que “perdemos” com os outros. Quando regressei a Portugal senti-me logo sufocada com as preocupações com o dinheiro, com o trabalho, com a aparência e a pressa.

Durante a missão, procurámos promover a capacitação de voluntários locais, que demonstraram ter ótimas competências, e que foram fundamentais pois, sem eles e sem a sua ajuda, não teríamos conseguido fazer nada. Acompanharam-nos na organização e no carimbar dos livros, a fazer a divulgação pelas escolas… Mesmo quando a biblioteca abriu, eram esses voluntários quem fazia o trabalho mais importante, para que, quando viéssemos embora, tudo pudesse funcionar bem, e honestamente, eles tinham mais competências do que nós para lidar e trabalhar com as pessoas. Não consigo descrever o orgulho que trago das experiências que a biblioteca “Imbondeiro do Saber” me proporcionou.

Nunca me senti tão motivada e em paz como estive durante a missão em Calumbo, pois lá, ao viver em comunidade, o foco não é individual, trabalhamos todos, embora de diferentes formas e em coisas distintas, mas para o mesmo objetivo. E isto dá-nos uma força incalculável, procuramos sempre ir mais longe, a missão é maior que nós, não podemos nem queremos desistir! Além disso, o facto de eu e a Rita estarmos quase sempre em sintonia foi muito importante, dado que estávamos unidas pela missão e pelo mesmo objetivo: ser o nosso melhor em Angola.

A oração foi absolutamente fundamental para fomentar a paz e o amor que senti em missão. Sentia-me sempre em Deus, amparada e com força para trabalhar e lutar por mais.

A comunidade passionista foi muito cuidadosa e procurou, sempre, incentivar-nos a manter o equilíbrio entre trabalho, lazer e oração. Tivemos tempo para contemplar o rio, tocar guitarra, fazer sobremesas, visitar Luanda, passear pela comunidade, conversar e relaxar com os voluntários, com a comunidade passionista, com as pessoas de Calumbo…

A missão superou em muito as minhas expectativas, é verdade que fui com uma ideia idílica da missão e que não foi bem o que tinha esperado, mas foi bem melhor que isso, não trocava esta experiência por nada! Mal posso esperar por lá voltar.

Para quem quer ir em missão aqui fica o meu conselho: a missão tem de ser feita por alguém que queira dar-se a si mesmo, 24h por dia enquanto lá está. Depois é necessário que as pessoas estejam dispostas a refletir sobre o porquê de aquilo que fazem. É preciso deixar essa ideia que somos nós que chegamos e vamos mudar tudo, é preciso deixar de olhar com superioridade, é essencial encarar a verdadeira razão de ser da missão e só depois de a sabermos e de nos conhecermos a nós próprios é que podemos deixar um trabalho bem feito.

Foi, de facto, uma experiência única, e voltar para Portugal foi uma das coisas mais difíceis que fiz na vida.

Termino com um dos ensinamentos que trago comigo, proferido pelo Pe. Nuno: “desprende-te”.

 

Inês Poças Ferreira

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